Minha mãe inventou uma brincadeira que ela recorta várias figuras e cola ímãs atrás para que a Luiza monte um mural no armário de aço da cozinha. Uma dessas figuras é um solzinho. Ela brincando, juntou todas as figuras e jogou lá fora, na varanda. À tardezinha, quando vai escurecendo, meus pais fecham as janelas e portas para evitar que as muriçocas entrem. Luiza viu a cena e começou a choramingar:
- "Vovô, o sol! O sol, vovô!!!", já chorando.
Meu pai, todo poeta, vozeirão alto, respondeu:
- "Minha filha, o sol já foi embora! Agora quem vem é a lua!"
Luiza insistiu, aos berros:
- "Vovô, o sol, pu favô, o sol!"
Meu pai, continuou:
- "Minha queridinha, o sol foi dormir, só amanhã que ele volta!"
Com medo que a conversa não terminasse nunca mais, minha mãe interviu:
- "Ela deve estar falando de outra coisa, vamos ver, abre a porta..."
Eles abriram e viram as figuras do mural jogadas num canto. Meu pai, por fim, entendeu, pegou a gravura do sol e devolveu a ela. Vendo que seu pedido tinha sido finalmente compreendido, Luiza dispara:
- "Beleeeeeeeeza, vovô!"
Só que ninguém sabia que ela já tinha aprendido a dizer essa palavra "beleza", ainda mais empregando na hora certa!!!