sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A amamentação

Eu sabia que não ia ser simples. Mas sabia também que podia ser muito prazeroso. O primeiro desafio que enfrentei pra alimentar Luiza foi esperar o leite descer. Isso porque, como expliquei no post anterior, fui submetida a uma (desne)cesárea. Levou três dias pro leite aparecer e enquanto isso minha filha chorou um pouco e eu chorei bem mais.

Depois, esqueci tudo o que tinha lido e achei que as mamadas tinham que acontecer em horários regulares. Me confundi também com uma orientação da pediatra dela e estava marcando o tempo que dava cada peito. Luiza só mamava o leite sem gordura, que é o que vem primeiro durante a mamada. Resultado: chorava de fome, um choro desesperado mesmo. Dormia pouco e eu entrava em parafuso. Ainda bem que corrigi isso logo.

Mas o pior pra mim foi não ter recebido apoio das pessoas que estavam ao meu lado. "Seu leite é fraco!" Foi a frase que mais escutei. De amigos, conhecidos, familiares. Ainda no finalzinho do primeiro mês não aguentei a pressão e cheguei a dar leite artificial. Chorava muito, me perguntando porque não era capaz de alimentar minha filha.

Até que resolvi encarar de frente a situação, me fazer de mouca e me trancar no quarto, só eu e ela e dar o peito até ela cansar. Graças a Deus consegui me livrar da mamdeira. Tenho muito orgulho de, depois dessa derrapada, ter alimentado a Luiza exclusivamente no peito até agora.

Sei que ainda vou enfrentar outros obstáculos porque pretendo fazer um desmame natural, dar de mamar até quando ela quiser. Já ouvi frases como: "acho horrível criança grande demais pendurada no peito da mãe". Quer quiser achar ruim, que ache. É assim que pretendo fazer.

Não vou ficar aqui me lamentando. Sei que venci, que foi muito importante pra ela e pra mim também essa fase exclussiva de leite da mamãe aqui. Também não vou deixar de registrar que foi e continua sendo cansativo, mas extremamente gratificante e muito especial.

E que venham as comidinhas e suquinhos!!!



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O "não-parto" - um desabafo

Sei que muita gente não entenderia nunca o que vou escrever agora sobre o nascimento da Luiza. Claro que foi "o" acontecimento da minha vida, uma das maiores emoções que já vivenciei até hoje, uma alegria extrema, que não dá nem pra tentar explicar. Mas não foi do jeito que eu queria e me causou sim uma espécie de trauma.

Vou contar como tudo aconteceu. Desde antes de engravidar sonho com um parto normal. Mas não tinha ideia de como era difícil hoje em dia conseguir um. Primeiro, tem o sistema obstétrico que te engole, sem dó nem piedade. A falta de informação é a principal arma dos obstetras de hoje em dia. Tudo é impedimento para um parto normal. As desculpas são inacreditáveis. Depois, com a tecnologia cada vez mais a serviço da medicina e a mídia disseminando um estereótipo muito assustador de parto, criou-se uma cultura de fobia ao parto normal.

Caí na besteira de dizer pras pessoas que queria ter minha filha por parto normal. A estranheza à minha resposta era imediata e todo mundo tinha uma história escabrosa de parto mal sucedido pra me contar. "Fulaninho teve problemas cerebrais porque ficou muito tempo sem respirar": era o que eu mais ouvia.

Achava que estava me preparando bem para o parto, lendo muito, pesquisando, mas, é obvio, foi muito menos do que insuficiente. Ao longo da gestação minha obstetra foi tratando de me mostrar que o meu caso era cirúrgico. Primeiro me avisou logo: "só faço parto normal se o bebê não for grande, se não estiver laçado e se estiver na posição certa - cefálico (virado com a cabeça pra baixo) e com o dorso à esquerda. Ok, pensei, está sendo sincera. Mas que nada. Ela não ia fazer parto normal de jeito nenhum. Falou que a Luiza era uma bebê GORDA (ela nasceu com pouco mais de três quilos) e que eu não tinha abertura pélvica suficiente (famosa bacia estreita). Chegou a fazer uma espécie de exame de toque pra me mostrar que eu tinha pouco espaço pra bebê passar.  E eu ainda questionei: "Dra., esse espaço  não vai abrir com a dilatação DURANTE o trabalho de parto"? Ela me garantiu que não, que um ossinho antes da bacia ia me impedir de realizar o meu sonho. Ainda foi cínica: "Uma pena que quando aparece uma mulher querendo parto normal não possa!!!"

Resultado: mesmo um pouco angustiada, achando que poderia estar sendo enganada, cedi, com medo de procurar outro médico com 36, 37 semanas de gestação. Ela marcou a cirurgia para uma segunda de manhã bem cedo, às seis, alegando que estaria mais descansada (e não atrapalhar a agenda do consultório, né, Dra?). Enquanto faziam o procedimento, enfermeiros e médicos conversavam sobre outros assuntos, de vem em quando falavam comigo (com exceção do anestesista que me monitorava o tempo todo). Tudo durou pouco mais de vinte minutos. Luiza nasceu com 38 semanas e 4 dias.

O medo do parto normal é geral, mas ninguém fala dos riscos de uma cirurgia de médio-grande porte, que existe grande chance dos pulmões do bebê não estarem prontos, que o leite demora muito mais a descer e que a dor no pós-operatório é grande. Nos primeiros dois dias tive dificuldades pra segurar a Luiza, os antibióticos e antiinflamatórios que tomei me renderam uma baixa brusca de imunidade, fora outros incômodos. Por ter passado por tudo isso, concordo com a tese de que cesárea não é parto, é uma cirurgia para extração de bebês.

Claro que fiquei feliz com a chegada da minha princesa, mas poderia ter sido uma experiência ainda mais transformadora. Nem preciso dizer que já estou com outra médica, buscando desde já muita informação e com um monte de ideias na cabeça.

Na próxima vez, ninguém me segura.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Enfim, grávida!

Ah, como é bom ficar grávida! Pra mim, a gestação começou mesmo depois do primeiro ultrassom. O som do coraçãozinho da Luiza me provocou lágrimas, é claro, e uma crise de riso, tudo junto. Fabio estava lá comigo. As emoções estavam só começando.

Depois que sabem que você está grávida, tudo muda. As pessoas te olham diferente, te tratam de forma muito mais carinhosa. E a ansiedade de ver logo a barriga crescer? Dá vontade de comprar tudo pro bebê, de uma vez só.

No primeiro trimestre, muitos exames, dúvidas, enjoos. Chegava do trabalho e às vezes ia direto dormir, sem nem ao menos jantar. Nesses primeiros meses, só você sabe como o seu corpo está mudando, as calças não cabem mais nas coxas, o botão vive aberto. Dá uma preguiça! Lembro que minha alimentação mudou totalmente. Não tolerava nem olhar pras saladas que eu gostava e comia tanto. E café? Sofria no trabalho (onde todo mundo toma a todo instante) e jurava que podia sentir o cheiro só passando perto de alguma casa onde estivessem passando café.

O segundo trimestre é o mais prazeroso. Não é à toa que é chamado de lua de mel da gravidez. Você desfila satisfeita com sua barriguinha, que por mais modesta que seja, está sempre querendo aparecer por baixo das blusas coladas que você escolhe pra vestir. Assim que os enjoos passaram, bateu aquele apetite voraz. Resultado? Cinco quilos a mais em um só mês e um carão caprichado no consultório médico. E as mexidas do bebê! Que sensação indescritível!

 Já o último trimestre é o mais penoso. Sua mobilidade fica zero. Você precisa de ajuda pra deitar, levantar, andar... É o mais demorado, porque você quer logo ver a cara do seu filhote! Caprichei nos cremes para evitar estrias, ainda bem que não tive nenhuma! E o dia vai se aproximando, e pelo menos eu, já ficava com saudades da barriga.



No próximo post vou falar do nascimento da Luiza!



terça-feira, 20 de setembro de 2011

O dia tão esperado

Uma crise alérgica daquelas. Eu tinha trocado o meu horário de trabalho por causa da campanha política. O relógio biológico completamente alterado. Estava me sentindo muito cansada, seria por causa da sinusite? Meu Deus, que fome é essa? E esse sono que não passa?

Os sinais já estavam na minha cara. Mas, eu, com medo de mais uma decepção, adiava o exame ao máximo. Acontece que não aguentava mais o nariz entupido, moleza no corpo, garganta ardendo, querendo fechar. "Vou tomar um antialérgico", pensava. Mas quem está tentando engravidar, sabe. Antes de fazer qualquer coisa, aquela frase aparece no pensamento: "E se eu estiver grávida?"

Foi por isso que resolvi fazer o exame, já com uma semana de atraso menstrual. No fundo, no fundo, uma desculpa para mais um beta HCG. Só que dessa vez estava mais nervosa do que nunca! Antes de sair de casa, escuto uma voz que me diz: "Não se preocupe, vai dar tudo certo." Aí é que me tremi mais ainda.

Já no trabalho, com login e senha do laboratório em mãos, não parava de olhar para o relógio. Resolvi checar o resultado uns quinze minutos antes do previsto. Não é que já estava lá? Minha mão nem conseguia posicionar o mouse direito.

A tela abre com um número enorme: 21759.14. Meu Deus, que número é esse? Logo eu, que já tinha feito tantos exames, não estava sabendo ler justamente aquele. É que existem dois tipos desse mesmo exame. Um é qualitativo, diz negativo ou positivo. E esse que eu fiz era o quantitativo. Maior que 50.0 indica gravidez.

Imprimi o exame e saí correndo para encontrar o marido, na sala ao lado (trabalhamos no mesmo local). "Olha aqui, acho que estou grávida", já com os olhos marejados. Ele fica me olhando com cara de bobo, me dá um abraço daqueles que suspende a gente no ar e me diz "é, acho que está sim".

Ainda sem acreditar muito, ligo pro ginecologista (já era outro, não a que me diagnosticou com endometriose) e leio o número pra ele. Nunca vou esquecer do que ele disse: "É gravidez sim, e muito bem implantada." MEU DEUS!!! Então era verdade! Só chorava. Consegui não falar nada pros colegas nesse mesmo dia. Me viam de olhos vermelhos e perguntavam: "Está tudo bem?" Eu só fazia que sim com a cabeça.

Nem dormi direito. Feliz da vida, mesmo sem poder medicar a garganta que latejava de dor.

Era 18 de agosto de 2010.



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

As tentativas

Luiza foi muito esperada. Muito planejada. Aos dois anos de relacionamento, resolvemos começar a tentar engravidar. Libera geral e deixa a ansiedade de lado (fácil, né?). Todo mês a expectativa. E essa novela durou cinco anos.

Vários testes de gravidez negativos, muitos exames para investigar a causa de uma possível infertilidade. Todo mês eu me frustrava um pouquinho, tentando, claro, não deixar transparecer pra ninguém. Fingia que nem ligava, não estava nem aí pro calendário. Ciclo mestrual? Quando é mesmo que ele começa e que termina?!?

Mudei de médico várias vezes. Fiz indução de ovulação. Perna pra cima. Tentei de tudo. Mas por que mesmo que essa barriga não vinha? Porque as coisas não funcionam no nosso tempo. Deus é quem dita a hora certa pra tudo.

Em mais uma mudança de médico, primeira consulta. A dra. pergunta:
"- Por que você está aqui?
- Sinto muitas cólicas e não consigo engravidar", respondi.
E ela, de pronto:
"- Você já ouviu falar em endometriose?"

Pronto. Estava aí o diagnóstico para o meu problema. Por que não tinha ouvido ainda falar nessa doença tão comum hoje em dia? Cirurgia e tratamento hormonal, mais um tempinho de espera... A hora H estava chegando. Eu me sentia com uma pontinha - renovada - de esperança.

Exatos doze meses depois, estava grávida.



domingo, 18 de setembro de 2011

Nasce um blog


Hoje é um dia muito especial. Boa oportunidade para começar o blog. Neste espaço, pretendo deixar registrado fatos marcantes da minha história, especialmente sobre a maternidade. Uma fase de muitas realizações e de muita felicidade.


Esta minha história começou há exatos 8 anos. Tempo que eu e meu marido estamos juntos. Foi tudo muito rápido. Começamos a trabalhar na mesma equipe e uma empatia muito forte deu o primeiro sinal do amor. Em seis meses estávamos dividindo o mesmo teto. Nada muito fácil, ele saía de um relacionamento, eu estava apenas com 22 anos. Só tinha uma certeza: queria ser feliz. E estava disposta a tentar, enfrentando problemas e obstáculos que quisessem me impedir. 


É assim que começa o blog. Sei que ele deveria ter nascido há muito tempo. Mas não quero mais deixar passar essa vontade. Quero escrever, quero compartilhar com pessoas queridas as minhas ideias e deixar tudo registrado. 


Essa parte do registro tem uma razão: a Luiza. Já pensou? Ela moça, podendo ler um resumo do que se passou na vida dela e dos pais dela? Quero deixar esse presente para os meus filhos. Vai ser como uma caixinha guardada no fundo de um armário, cheia de carinho e de saudade.

Quem quer se aventurar comigo? Fiquem à vontade.